Godofredo Guedes foi uma personalidade muito importante para a cultura norte-mineira. Nascido em Riacho de Santana, no estado da Bahia, em 15 de agosto de 1908, foi um multi-artista, instrumentista e compositor. Contudo, o primeiro ofício aprendido por ele foi o de auxiliar farmacêutico, com apenas 12 anos. Nas horas de folga do balcão da farmácia, sem que ninguém lhe ensinasse, fazia pinturas e desenhos.
Sua carreira artística começou oficialmente em 1923 quando, com 15 anos, deu suas primeiras e incertas pinceladas. Não demorou muito para ser contratado para pintar, próximo às barrancas do rio São Francisco, os doze quadros da Via Sacra na gruta da Igreja de Nosso Senhor Jesus da Lapa.
Casou-se em 1931 com Dona Júlia e, com ela, teve oito filhos: Terezinha, Zeca, Dolores, Nelsa, Patão, Maristela, Beto e Lúcia.
Em 1935, muda-se para Montes Claros com sua família. Sua ida para a capital norte-mineira foi interessante: convidado para trabalhar como assistente de farmácia em um posto de saúde da cidade por um conhecido seu que atuava na área, recusou em um primeiro momento. Um tempinho depois, quando decidiu finalmente por Montes Claros para fixar moradia, a vaga de trabalho já tinha sido preenchida por outra pessoa.
Foi aí que, usando seus dotes em tocar clarineta e saxofone, começou a atuar como músico para sustentar sua família na noite montes-clarense, atuando em clubes e cabarés, tornando-se responsável pela maioria dos bailes e serestas da cidade, durante várias décadas.
Na música, Godofredo Guedes foi autodidata. Começou a tocar ao ouvir alguém executando instrumentos de sopro, com os quais se apaixonou. Menos de um ano após as primeiras experiências musicais, já regia uma pequena banda de música em sua terra natal. Foi nessa época que compôs muitas músicas, especialmente valsas e chorinhos.
Além desses ritmos, criou sambas, modinhas, serestas, marchas, dobrados, boleros e foxtrotes. Destaque para a canção “Cantar”, que ganhou gravações de Cristina Buarque, Tavinho Moura, Paulinho Pedra Azul, Paula Toller e Caetano Veloso. Na década de 1970, seu ilustre filho Beto Guedes, que também seguiu a carreira de cantor, incluiu em seu LP uma canção de seu afamado pai intitulada “Belo Horizonte”, uma canção em ritmo de choro. Uma característica de Godofredo é que ele tinha o dom de construir seus próprios instrumentos de corda, ofício esse que o ajudou também no sustento de sua família
Paralelo ao seu ofício de músico em Montes Claros, ele utilizava seus talentos como pintor para fazer letreiros comerciais. Foi assim que pintou a primeira placa comercial da cidade.
As artes plásticas eram outro campo em que o talentoso Godofredo Guedes atuou. Como desenhista e pintor, ele foi autor de obras de grande expressividade plástica. Em seus traços, gostava de retratar paisagens mineiras. Suas obras estão presentes em acervos particulares e públicos em diversas regiões de Minas Gerais.
Em meados dos anos 1960, Godofredo muda-se com sua família para Belo Horizonte. Na capital mineira, para conseguir criar seus oito filhos, trabalhou como farmacêutico, pintor de placas e quadros. Godofredo Guedes faleceu no ano de 1983.
Para prestar uma justa homenagem ao artista, o Município nomeou um espaço localizado no Centro Cultural Hermes de Paula com o nome dele: a Galeria de Artes Godofredo Guedes. O local costuma receber as mais variadas manifestações artísticas em forma de telas, esculturas e materiais fotográficos de renomados criadores.
Fonte: ASCOM PMMC